em filamentos de lembranças
que escorrem do invisível,
escória diluída em que a beleza
declina seus gestos prematuros.
Senso gustativo que devora
e abre bocas ternas, luminosas,
onde te reencontras sibilante
e divides
toda resistente permanência.
Todas as palavras são para ser ditas,
todas as vidas para ser vividas:
adquire a semente seu eterno silêncio
e germina;
adquire a criança seu ímpeto e navega.
E o sol plana como um remorso suave.
A vida quer de si e exige, consequentemente
o que a vida quer da vida.
Lutas a vida inteira.
Constróis sobre escombros
e acabas lutando sobre outros escombros.
Do livro A hora evarista (IEL / Movimento, 1974)