Nei Duclós |
Outubro, meu livro de estreia, reúne poemas escritos no final dos anos 60 e início dos 70. Cláudio Levitan não só ilustrou maravilhosamente o livro, imprimindo a marca de seu talento luminoso, como participou da edição desde o seu início, pois foi ele quem me visitou em Blumenau um belo dia para conhecer os poemas. E dessa visita, relatada na orelha, nasceu a luz da nossa geração. Um livro cult, jamais reeditado, que nunca ganhou qualquer prêmio, mas que não é encontrado em lugar nenhum, a não ser bem guardado nas estantes de seus poucos e fiéis leitores. Quem tem não empresta, porque não volta. Qual o mistério de Outubro?
A capa é assinada por Cláudio Levitan |
Arte da contra-capa, também de Levitan |
A contracapa é outra obra-prima. Aquele sol, desapropriado de sua luz e calor, cai sobre o chão numa cena noturna. Da casca desse objeto que cai, dessa lua que se parte ao meio, sai uma infinidade de estrelas em direção ao céu. Cena que, ao contrário da capa, não toma conta de todo o espaço disponível. Está enquadrado, num fundo branco. Essa é a viagem visual idealizada pelo nosso genial artista: o sol que se anuncia em outubro parte-se (ceguei-me em sangue de estrelas, diz um dos poemas) num parto de revelações e deslumbramentos.
A edição do livro contou ainda com a participação fundamental de Juarez Fonseca (que também fez primorosa diagramação), Ida Duclós (minha mulher e mais atenta leitora) e Caio Fernando Abreu, que às vezes ficava constrangido de sugerir algumas poucas mudanças nos poemas e que levou o trabalho para o patrocínio do Instituto Estadual do Livro do Rio Grande do Sul, presidido na época por Ligia Averbuck. Todos nós fizemos então a seleção dos poemas que eu guardava numa velha mala surrada dos tempos de estudante e jornalista peregrino (e que virou uma lenda graças ao texto de apresentação de Levitan, onde está a frase que dá título a este texto).
Duclós em 1975 Foto: Eneida Serrano |
NEI DUCLÓS
Poeta