Em
2020, a escritora Cristina Macedo, membro da diretoria da Associação Lígia
Averbuck produziu um vídeo no qual leu o conto “Aqueles Dois”, de Caio Fernando
Abreu (1948-1996), texto que compõe o livro “Melhores contos do Rio Grande do
Sul” (IEL, 2003, 2ª ed. 2016) e que foi publicado originalmente em “Morangos
Mofados” (1982).
Para
a data de hoje, de luta contra a Homofobia, o Instituto Estadual do Livro –
Sedac recupera o vídeo e o texto do escritor que instaurou na literatura sul-rio-grandense
a coragem e delicadeza necessárias para abordar a temática homoafetiva - embora
a relação não seja explicitada na história, em um contexto ainda pouco sensível
às pessoas que não se enquadravam nos padrões heteronormativos.
Quem
nunca leu ou ouviu: “em um deserto
de almas também desertas, uma alma especial
reconhece de imediato a outra - talvez por isso, quem sabe?”. O
trecho faz parte da narrativa na qual Caio Fernando Abreu nos aproxima de Raul
e Saul, personagens que compartilham um cotidiano, durante um fragmento de vida,
e enfrentam toda sorte de preconceito, julgamento e condenações morais de uma
sociedade conservadora e moralista.
E
porque, assim como Antonio Candido, o Instituto Estadual do Livro acredita na
função que a literatura exerce de “confirmar e negar, propor e denunciar,
apoiar e combater os princípios que a sociedade defende ou abomina”; em outras
palavras, porque acredita na “função humanizadora da literatura”, relembra hoje
Caio Fernando Abreu, celebra hoje as vidas dos LGBTQIA+ e se soma sempre a
todes na luta contra a homofobia e contra toda forma de violência motivada por
diferenças de orientação sexual e gênero.
O dia 17 de maio foi marcado pela decisão da Organização Mundial de Saúde (OMS) que retirou do Código Internacional de Doenças (CID) a Homossexualidade. O fato aconteceu em 1990 e data ficou marcada como o Dia Mundial contra a Homofobia - e o maio, como mês no qual a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, queers, intersexos e assexuais direcionam os holofotes para a bandeira da diversidade. A data é referência de luta para aqueles que, não enquadrados num modelo patriarcal, heteronormativo e binário, exigem igualdade de direitos, acesso aos serviços públicos e à segurança de seus corpos.