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Os poemas estão prontos
Desde a primeira geração do Sol
No aprendizado do fogo.
Têm a idade do tempo
E o desabafo das almas
Convalescendo da vida.
Os poemas estão prontos
Desde a maior lesão da Terra,
Quando os sismos tatuaram,
Ensopados de lava,
O primeiro chão do mundo,
Costurando os hemisférios
No sedativo das chuvas.
Os poemas estão prontos
Desde a véspera da vida
E a primeira lunação,
Quando as luas dinossauras
Arredaram as marés
Do primeiro mar da Terra.
Os poemas foram feitos
Durante a construção do Céu,
No domingo dos anjos
De asas engomadas
Dando a primeira mão de azul
Aceita pelos deuses monitores.
Os poemas continuaram
Durante o sonho do primeiro homem
Descendo da árvore genealógica
Pelo cipó umbilical,
Antes que o medo se fizesse gente
E implicasse com o sono
Cometendo pesadelos.
Os poemas foram prontos
Muito antes do passado,
Antes mesmo que a língua
Colasse no papel
A gravura do vocábulo
E pedisse ao céu da boca
O milagre da palavra.
Do livro Lua Ó (IEL / Movimento, 1983)
