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pano de lei, velho abrigo...
Tu foste o meu berço amigo
no momento em que nasci.
Desde então sempre vivi
sob o teu calor paterno.
Em tropeadas pelo inverno
eras meu toldo cigano.
Hoje o destino haragano
reduziu-te a pobre trapo,
meu velho poncho farrapo
de lutas mil veterano.
Meu velho poncho crioulo,
meu berço, minha barraca,
bordado a ponta de faca,
no bastidor das peleias!
Meu coração tu maneias
no trançado do teu pano,
onde canta o minuano
por entre os furos de bala!
Em teu panejar trescala
o passado desta terra
e as glórias de muita guerra
que a tua pobreza assinala.
Trecho do poema "Velho poncho", do livro Glaucus Saraiva: Poesias (IEL/AGE, 1992)