![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirHQaB9rfTM9B_uq0RgtvN_VCuAHeZx8ii43QGdoDa2DFfrp8QCYNQW5pMsms9cmdSFznt0KV20XXzZeDDBa3uCPu33DHV31ZWnrnVg_X4LCEVSIyhAj0vRPavMlhxI8xNV9c7l3O44ZA/s200/Capa_vox05.jpg)
quem sabe debulhas o trigo
pelas manhãs?
quem sabe lanças o milho
sobre a terra
para que venham comê-lo
as aves e os pardais, mãe?
quem sabe sovas o mate
na expectativa de que a vida
possa ser?
quem sabe antecipas
o que não se conhece
e celebras o voo do bem-te-vi
há um mar imaginário em teus olhos
e um barco que te carrega
não te importas em desvendar os mistérios
a palidez que te cabe te serve de véu
colocar a mesa é cerimônia diária
que te consome as forças
cultivas a solitude
os dobres
as canções que não cantas
depositas flores no vaso
como se fosse a urna de quem partiu
és a mesma, embora diferente
e nada que se move te abala
o mundo foi feito por quem
desconhece a natureza humana
Poema publicado na revista VOX nº 5