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A cerimônia de posse da nova diretoria do Instituto Estadual do Livro, realizada agora em janeiro, havia terminado há trinta minutos. Surge na porta da sala onde recém houvera o evento Moacyr Scliar, desculpando-se pelo atraso. Ele havia dito por e-mail que tinha um compromisso, mas iria ver se conseguiria chegar a tempo. Esse e outros tantos relatos que certamente muitos têm para fazer mostram a generosidade e a solidariedade do Scliar. Fazia questão de demonstrar seu apreço, de incentivar com seu elogio e de se fazer presente.
É sabido entre todos que promovem a leitura que Scliar estava sempre disponível a participar de eventos nas mais distantes localidades. Sua frase em entrevista para a série Autores Gaúchos do IEL define muito bem seu pensamento e sua atuação: "Trabalhei muitos anos em saúde pública e, para mim, livro é igual à vacina. Assim como devo levar a vacina para a população, tenho também que levar livro."
Seu primeiro livro, de 1962, foi Histórias de médico em formação. No entanto, O carnaval dos animais, publicado pelo Instituto Estadual do Livro, é que o autor considerava de fato sua primeira obra.
Entre suas mais de setenta publicações, lidas por muita gente no país e fora do Brasil, destaco O centauro no jardim como um dos romances mais criativos de toda a literatura brasileira.
Se é triste para seus familiares, amigos, leitores e admiradores saber que esse grande escritor brasileiro tenha nos deixado, é hora de lembrar que sua obra estará sempre aí, disponível a todos como o próprio Scliar, celebrando a vida e a literatura.
Ricardo Silvestrin
Diretor do Instituto Estadual do Livro
