18.5.15

Tempestade
Alvaro Moreyra



O meu barco de sonhos e de luz,
Transbordando de nardos e gerânios
Foi roubado por nuvens cor de chumbo
Foi perdido nos gritos da tormenta.
Os mastros de ametista se partiram
E quebraram as velas de cristal
No seu bojo de estrelas e de ocasos
Foram mortas libélulas de sol
E o meu barco de pássaros azuis
Onde vinham as almas das cigarras
Ficou sombra esquecida nos relâmpagos.
Não tornou ao caminho cor de lua.
Nunca mais regressou da tempestade.


Do livro Cada um carrega o seu deserto (IEL / Edipucrs, 1994)