18.10.13

Minimundo (I)
Bernardo Moraes

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Vida eterna

O mago pôs o frasco com o elixir da vida eterna no centro da mesa e contemplou o trabalho que lhe consumiu décadas para terminar. Refletiu se estava pronto para bebê-lo. Mas no momento em que ergueu o braço para alcançar o frasco, sentiu a pontada fulminante no peito.


Destino

– Eu sou o Destino! Vim avisá-lo de que...

Blam! Dei-lhe um soco na cara.

O Destino, ou o raio que o parta, se estatelou no chão e derrubou uma das mesas do bar, sangrando pelo nariz.

– Hoje eu estou me sentindo realista – justifiquei, sob seu olhar atônito.



A Máquina do Mundo

– Já disse que aqui estou por engano. Me confundiram com algum herói - disse o poeta, o simples poeta.

– Os deuses não se enganam – disse Vênus, belíssima, belíssima – te escolhemos porque sim.

– “Porque sim” não é resposta.

– Se os deuses quiserem, é.

O poeta suspirou, impaciente.

– E o que é que desejas mostrar-me? – perguntou ele.

– A Máquina do Mundo! – disse Vênus, revelando, com um movimento da mão, delicada e macia mão, o enorme sistema de engrenagens, rodas e segredos. Fumaças de vapor e torcer quase insuportável.

– Essa é a Máquina do Mundo? – gritou o poeta, incrédulo, acima de todo barulho – não me admira que tudo esteja como está! Vocês nunca ouviram falar em eletricidade? Computadores?

– Computadores? – perguntou Vênus, intrigada.

O poeta, simples poeta, suspirou, impaciente.


Contos do livro Minimundo (IEL, 2006)