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Vida eterna
O mago pôs o frasco com o elixir da vida eterna no centro da mesa e contemplou o trabalho que lhe consumiu décadas para terminar. Refletiu se estava pronto para bebê-lo. Mas no momento em que ergueu o braço para alcançar o frasco, sentiu a pontada fulminante no peito.
Destino
– Eu sou o Destino! Vim avisá-lo de que...
Blam! Dei-lhe um soco na cara.
O Destino, ou o raio que o parta, se estatelou no chão e derrubou uma das mesas do bar, sangrando pelo nariz.
– Hoje eu estou me sentindo realista – justifiquei, sob seu olhar atônito.
A Máquina do Mundo
– Já disse que aqui estou por engano. Me confundiram com algum herói - disse o poeta, o simples poeta.
– Os deuses não se enganam – disse Vênus, belíssima, belíssima – te escolhemos porque sim.
– “Porque sim” não é resposta.
– Se os deuses quiserem, é.
O poeta suspirou, impaciente.
– E o que é que desejas mostrar-me? – perguntou ele.
– A Máquina do Mundo! – disse Vênus, revelando, com um movimento da mão, delicada e macia mão, o enorme sistema de engrenagens, rodas e segredos. Fumaças de vapor e torcer quase insuportável.
– Essa é a Máquina do Mundo? – gritou o poeta, incrédulo, acima de todo barulho – não me admira que tudo esteja como está! Vocês nunca ouviram falar em eletricidade? Computadores?
– Computadores? – perguntou Vênus, intrigada.
O poeta, simples poeta, suspirou, impaciente.
Contos do livro Minimundo (IEL, 2006)