2.4.13

Sobre a participação na Feira do Livro de Havana
José Eduardo Degrazia relata visita a Cuba de comitiva organizada pelo IEL

Estive três vezes em Cuba, a última para participar da Feira do Livro de Havana em fevereiro deste ano. Desta vez, com a comissão do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. A organização foi do Instituto Estadual do Livro (IEL), tendo a presença de sua diretora Laís Chaffe, com o apoio da Embaixada do Brasil e seu adido cultural Sérgio Couto. Nos acompanhava a poeta de Pelotas Angélica Freitas. Lá estivemos para levar os projetos da Secretaria de Cultura do Estado e sua intenção de projetar relações cada vez mais intensas entre as realizações culturais e literárias de nossos dois países. Desiderato plenamente alcançado, na medida da importância dos encontros lá realizados, entre eles com o presidente da Casa de las Américas, o poeta Roberto Fernandez Retamar. Estivemos também na Biblioteca Nacional e no Instituto do Livro. Nesses locais, foram apresentadas possibilidades de trabalhos e publicações conjuntas. As tratativas deverão ter continuidade através de relações bilaterais entre as instituições promotoras dos encontros. 


A possibilidade de participação de autores do Rio Grande do Sul em revistas literárias de Cuba, e a de cubanos na revista VOX, foi outro caminho aberto nas tratativas, e muito bem aceito por nossos interlocutores. Ficou também alinhavada a possibilidade de antologias de autores de cuba publicados no IEL, e de autores rio-grandenses publicados pelas editoras cubanas, como a Arte y Literatura, que tem como diretor o Sr. Malagón que estava presente no lançamento do e-book do poeta Virgilio López Lemus. 




Importante destacar justamente o lançamento do e-book de Virgilio López Lemus (Cadernos de otredad) e a leitura de poemas feitas por Angélica Freitas, José Eduardo Degrazia, e Virgilio López Lemus, com a coordenação de Laís Chaffe, na sala José Lezama Lima, na fortaleza de La Cabaña, onde se realizava a Feira. A participação foi intensa, com a sala cheia de leitores, escritores e jornalistas. 


Comparando com a vez que lá estive, na Feira do livro de 2000, deu para notar o aumento de público, a grande participação de leitores, escritores e turistas. O que demonstra a grande abrangência cultural e popular do evento. É importante ressaltar que a feira de 2013 era dedicada a Angola - o que aumentava o interesse pela língua portuguesa. Mesmo não dando para participar de todos os eventos, que ocorriam simultaneamente, deu para ver a excelente organização do encontro, que teve a direção do poeta Jesus David Curbello – que foi nosso anfitrião e nos recebeu de maneira aberta e fraterna. 

Os livros dos autores gaúchos estiveram expostos no estande da Embaixada e do IEL, e lá estavam Moacyr Scliar, Lia Luft, Luis Fernando Veríssimo e tantos outros - o que abre a possibilidade da continuidade da divulgação de nossos escritores em Cuba, e da divulgação da altíssima produção literária e cultural de Cuba no Rio Grande do Sul. 

Desde a primeira vez que estive em Cuba, nos anos 90 – logo depois da queda do muro de Berlim – e da ida à Feira do Livro de Havana do ano 2000, e a nova estada na capital mais rica culturalmente do Caribe, muitos anos se passaram – o que permitiu que tivesse uma visão do desenvolvimento da sociedade cubana desde a crise do desabastecimento daqueles anos, depois da queda da URSS. Nota-se um crescimento das relações sociais e uma grande participação do povo nos eventos culturais. E esta é uma das características do povo cubano, o seu grande apreço pelas atividades ligadas à cultura, e à literatura em particular. 

É importante ressaltar a importância da repercussão a partir de Cuba das obras a serem lá publicadas, sendo o país um grande centro de difusão de ideias e livros, como o México e a Argentina. Portanto, a publicação de autores gaúchos em Cuba reveste-se de grande interesse de difusão da literatura do Rio Grande do Sul e do Brasil.


José Eduardo Degrazia