21.11.12

Manhã sem luz
Alvaro Moreyra

Nossas vozes de pássaro e mulher
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Repetiram palavras já ouvidas
Em manhãs que também eram sem luz.
Os lábios que cantaram noutros tempos
Repetiram as mesmas melodias
E predisseram, outonos de rosas
E noites líquidas de estrela e lua.
Que os arlequins de sol e ametista
Iriam povoar nossos crepúsculos,
Que o sol bordaria de açucenas
As madrugadas de brocado azul.
Nossas vozes de pássaro e mulher
Não podem predizer noites de lua,
Nem madrugadas de açucena e lírio.
Porque não viram arlequins de sol,
Nem outonos de rosas e ametistas.
Porque não sabem que a manhã sombria
Poderia ser a de brocado azul.



Do livro Cada um carrega o seu deserto (IEL / Edipucrs, 1994)