A obra de Sergio Napp é múltipla e multifacetada, escritor na plena acepção do vocábulo que o define. Capaz de transitar por diversos gêneros, partindo da prosa mais leve, quase diáfana (a crônica) à prosa de ficção mais densa, como neste emblemático Dias de verão, ele passa pela literatura infantojuvenil e deságua no mais exigente dos gêneros literários: a poesia. É autor para se ler e reler. E em contáveis registros.
Autor plural, na verdade Napp é mais que um escritor, praticamente toda uma literatura, experimentando caminhos tão amplos quanto exíguos, atalhos, esconderijos. E assim, vencendo o tempo que traz para si e sua memória sempre presente, a presença expressiva dos livros de Napp.
A eles soma-se agora este Dias de verão, dezenove contos costurados por uma só unidade: a contundência humana que os marca. Assim como é raro uma constância temática num livro de tantas histórias breves, também é raro o oposto, uma espécie de opulência estilística, na qual uma mimesis sintática traz à tona voz de personagens tão díspares quanto reveladores de uma condição social na média dos que lutam para ter acesso à vida mesma, de protagonistas de situações que marcam enquanto cena a alimentar narrativas que nos pedem, uma vez fechado o volume, imediata releitura.
A questão toda é que as quase duas dezenas de histórias selecionadas pelo contista (praticamente exímio da trama breve) impõem-se e nos dão um caleidoscópio conjunto do gênero, indo do conto de fôlego ao conto médio e ao miniconto.
Sergio Napp expande-se como o verão e jamais se encolhe como no inverno.
Não seria outro o sentimento de publicá-lo senão o de um indisfarçável orgulho.
Os editores
Do livro Dias de verão (IEL / Corag, 2012)