Se você for um forte, ainda assim duvidamos que consiga ir além do primeiro conto deste livro. É lê-lo e parar. E por razões bem conhecidas, ao contrário do que diz o título.
Como, os editores que tanto trabalho empenharam na produção de uma obra abrem a introdução com uma crítica?
Bem ao contrário.
Fazemos como o autor, Mauro Paz, que, com o perdão do trocadilho, não nos dá paz, esfregando-nos, a cada conto maciço, densíssimo, verdades humanas daquela espécie capaz de nos educar as lágrimas. É preciso coração forte, controle emocional raro, mas este é um preço – sim, alto – a se pagar diante da grande arte.
Talvez haja alguém que, lendo estas linhas introdutórias, considere-as um possível exagero. Pretensamente exageradas, lançamos aqui o nosso convite-desafio: leia apenas a primeira narrativa, “Minha mãe, Florence Thompson”. Pronto. Pare. Largue o livro. Volte a ele outro dia.
Você vai precisar mesmo de um tempo para se recuperar.
E não digam que não foram avisados. Aqui nesta introdução e na epigrafe do próprio Mauro Paz.
Aí, inveterado leitor, aquele que teve a sorte (e o azar) de mergulhar fundo (porque fundo vai o mergulho do ficcionista) nessas águas turvas e simultaneamente luminosas de Por razões desconhecidas, repega o livro e vai para o segundo conto, “Elena”, e... ah, meu Deus!, novo baque, nova revelação. A vida como a vida não poderia ser, sendo. Como jamais deveria ser e mesmo assim insistentemente mostrando-se aguda, dolorosa, marcante, inesquecível.
Mauro Paz não merece o sobrenome que tem.
E, no entanto, que livro!
Os editores
Do livro Por razões desconhecidas, de Mauro Paz (IEL / Corag, 2012)