18.1.12

Memória
Eduardo Dall'Alba

INFORMAÇÕES DO LIVRO
Minha memória cheia de navios
explodidos no mar, tábuas boiando.
Minha memória cheia de olhos,
imagens que se redobram a cada
vez que tornam.
Minha memória cheia de vinhos

e adegas de dez pipas antigas.
A noite é longe e teus olhos
vasculham meus pensamentos.
Inútil me procurar, que não no ar.
Abismos. Caio onde menos espero;
eu não sei o outro sei eu mesmo
como uma ausência que se instala,
falta mesmo quando sei presença.
Minha memória cheia de mendigos
e barcos menores, que vão, sós,
se espedaçar nas conchas, nos corais.



Do livro Vinhedo das vontades (IEL, 1997)


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