19.1.12

Encruzamento de linhas
Felippe D'Oliveira

INFORMAÇÕES DO LIVRO
Núcleo de convergência no bojo da noite oval.
Lanterna verde
(amêndoa fosforescente
dentro da casca carbonizada.)
Longitudinal, centrífugo,
o trem racha em duas metades
a espessura do escuro
e, cuspindo pela boca da chaminé
as estrelas inúteis à propulsão,
atira-se desenfreado
nos trilhos livres.

Mas se o maquinista fosse daltônico
a locomotiva teria parado.


Do livro Felippe D'Oliveira: Obra completa (IEL/UFSM, 1990). 
Poema publicado originalmente em Lanterna Verde (1926).