12.5.11

POEMAS DO ACERVO

ENGRENAGEM
 
CESAR PEREIRA
O que levo
pesa pouco
na bagagem sem veneno:
coisas reinventadas
de outro reino
mais ameno

Por mais que desabe
em meu rebanho
esse tempo
de espessa fúria
não aceito a medida
deflagrada no beco

Afeito aos trâmites
da engrenagem
uso a roupa adequada
e o gesto sem fereza

Mas como vós
também carrego
minha farsa

No fundo
somos o mesmo litígio
a mesma gana oculta no riso


Aqui me construo
tijolo por tijolo
pedra por pedra
Amargo é o desígnio
onde forjo a canção


Do livro Dardos de ajuste
(IEL/A Nação, 1974, 86p)

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